A falta de professores na Escola Secundária Rainha D. Amélia
A Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEE) da Escola Secundária Rainha D. Amélia (ESRDA), em Lisboa, tem acompanhado com preocupação e atenção o problema da falta de professores neste estabelecimento, que inclusivamente tem sido alvo de algumas reportagens jornalísticas.
Sobre este assunto, importa antes de mais realçar que ele não é novo. O problema da falta de professores é crónico e acontece todos os anos, não só na ESRDA, como em vários pontos do país.
É um problema, antes de mais, de políticas de educação, como é bem sabido, e não de falta de capacidade ou de eficiência da escola ou da direção. Já o ano passado a APEE publicou um artigo em que explicava como decorre o incrivelmente complexo e absolutamente ineficiente processo de colocação de professores.
O problema de fundo, nesta como em tantas outras áreas da nossa vida social, é a total falta de autonomia da escola para poder resolver os seus problemas. Enquanto o Ministério da Educação insistir na centralização da contratação de docentes, a direção continuará de mãos atadas para poder resolver da melhor forma, e para benefício dos seus alunos, as dificuldades que se acumulam.
Este ano letivo há uma turma em particular que tem gerado mais preocupação, pois neste momento tem falta de sete docentes, havendo ainda outro que está de baixa.* Haverá outras turmas em que a falta de professores, não sendo tão grave, não deixa de ser muito preocupante.
Naturalmente a situação destas turmas em particular é muito angustiante para as famílias e a APEE sente-se solidária com elas, disponibilizando-se para mediar, se assim for necessário, o diálogo com a direção.
Como é público, a ESRDA é este ano gerida por uma Comissão Administrativa Provisória (CAP). Tal não se deve, como erroneamente foi dito nalguns meios de comunicação, à demissão da anterior direção, mas ao facto de não ter sido possível eleger uma nova direção quando a anterior, que cumpriu integralmente o seu mandato, cessou funções.
A relação da APEE com a CAP tem sido muito positiva e marcou-nos a vontade de trabalhar e a disponibilidade para escutar a comunidade escolar alargada, incluindo os pais e encarregados de educação, na qualidade de principais responsáveis pela educação dos seus educandos. Nesse sentido, a APEE espera poder continuar a trabalhar com a CAP para poder ir resolvendo problemas na escola e contribuindo para a melhor experiência possível dos alunos.
No que diz respeito aos vícios e complexidades do sistema que, todavia, radicam na ineficiência governativa; na insistência em modelos ultrapassados e num constante clima de conflito alimentado por quem pouco interesse mostra pelo sucesso educativo dos alunos, a APEE pouco mais pode fazer do que apelar ao bom-senso e à boa-vontade, recordando a todos que os alunos não são clientes, mas sim o futuro da nossa sociedade.
*Uma versão inicial deste texto indicava que a dita turma tinha sido formada à última da hora, para acolher mais alunos fruto da elevada procura. Aparentemente isso não corresponde à realidade e o 7º ano tem o mesmo número de turmas de outros anos letivos. Pelo erro pedimos desculpa.